sexta-feira, 30 de maio de 2008

Métodos alternativos para testes em animais: ainda uma proposta longe da realidade.

Desde a publicação da Sétima Emenda (Cosméticos) e do REACH, um esforço no sentido de usar métodos alternativos para testes de segurança em animais vem sendo aplicado nos países europeus, onde inclusive datas de proscrição de metodologias "in vivo" foram claramente estabelecidas.
Não é coisa nova. Já desde cerca 20 anos existe uma tentativa de estabelecer um consenso internacional para a aceitação destes métodos alternativos. Porém estes testes ainda não são aceitos pelas agências regulatórias como adequados ou suficientes, sendo somente considerados métodos de pré-avaliação.
Segundo artigo do Dr. Lilienblum¹ , alguns progressos foram feitos no sentido de desenvolverem-se métodos alternativos para predição de efeitos tóxicos localizados e genotoxicidade.
Em outros aspectos como toxicidade sistemica por exposição singular ou plúrima, toxicocinética, sensibilização, carcinogenicidade, toxicidade reprodutiva, infelizmente ainda dependem do desenvolvimento de baterias de testes "in vitro" e "in silico" e sistemas combinados para contornar a complexidade dos sistemas biológicos envolvidos, mesmo porque muitos destes processos ainda não foram completamente esclarecidos, e assim sendo não podendo ser reproduzidos por um modelo.
As Estratégias Integradas de Teste (ITS- que incluem uma combinação da informação e database existente, o uso de categorias químicas, testes in vitro e relação quantitativa entre estrutura química e atividade-QSAR) não foram ainda aceitos pelas autoridades científicas e regulatórias e ainda necessitam de uma completa (e boa) justificativa para seu uso em um determinado cenário, o que requer análise de experientes toxicologistas e disponibilidade de conhecimento específico sobre o assunto.
Isto faz com que as datas propostas para banimento dos testes convencionais se tornem fora da realidade.
Assim sendo, do ponto de vista da segurança, inclusive no que diz respeito à biota como um todo (lembrando que uma substância química não se restringe exclusivamente a uma espécie, mas interessa todo um meio-ambiente), é pouco provável que se possa prescindir a curto ou médio prazo de testes "in vivo" em especial no que diz respeito aos valores mínimos estabelecidos para efeitos adversos.
É praticamente consenso entre os toxicologistas, inclusive entre os presentes ao Congresso de Toxicologia de Seattle em março deste ano, que seria mais sábio, a curto e médio prazo, direcionar os esforços no sentido de refinar e reduzir os testes "in vivo", coibindo todos os excessos. Estaríamos realmente economizando vidas (animais, e seres humanos são animais, viram?) em todos os pontos da cadeia.

1) Lilienblum W, Dekant W, Foth H, Gebel T, Hengstler JG, Kahl R, Kramer PJ, Schweinfurth H, Wollin KM. Alternative methods to safety studies in experimental animals: role in the risk assessment of chemicals under the new European Chemicals Legislation (REACH).Arch Toxicol. 2008 Apr;82(4):211-36.

Para saber mais:
European Centre for the Validation of Alternative Methods: http://ecvam.jrc.it/
Interagency Coordinating Committee on Validation of Alternative Methods: http://iccvam.niehs.nih.gov/

NA. Ah, antes que me chamem de maluca mais uma vez por dizer que todos os fármacos e cosméticos presentes no mercado foram testados em animais em alguma fase, e que não são só as pessoas que devem ser levadas em consideração, mas toda forma de vida que será exposta a substância química que se estuda, quero esclarecer que ficaria bem feliz de poder dizer que uma coisa é segura sem ter que recorrer a qualquer método cruento. Acho que isto se chama bom senso.
No entanto recordo que para encontramos soluções verdadeiras é necessário aceitar que o problema existe de fato e que não fazer de conta que a solução está batendo à porta. Mesmo porque diariamente somos apresentados a novos agentes químicos e para muitos deles não temos a mais remota idéia de seu potencial de risco.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Inovação e novidade

Inovação está na moda.
Está nos livros, nas revistas de administração que o bacana é inovar. E se gasta rios de tinta para falar de inovação e empreendedorismo.
Às vezes tenho vontade de rir. Todos falam maravilhas da inovação, mas a maioria só propõe novidades.
O incrível é que as pessoas não percebam a diferença gritante entre as duas coisas e comprem uma pela outra.
Explico: propor uma inovação, uma coisa nova de verdade, implica em enormes gastos.
Inclusive gastos mentais além de educativos. Você precisa explicar a inovação, pois se a coisa é nova de verdade, ninguém entende de imediato pois nunca viu antes. Os riscos são grandes. E arriscar não é para todos.
Uma novidade é bem mais fácil. É mais comodo fazer o que alguém já fez e deu certo, pondo só um vestidinho de festa.
Você pega o comum, o banal, embala diferente, rotula moderninho e "lança" o mesmo com cara de novo, preferivelmente por um precinho menor do que o do concorrente. E isto é uma novidade.
As pessoas adoram novidades. Não necessariamente adoram o novo.
O novo exige pensar, exige redimensionar valores, exige abertura mental.
Tenho trabalhado com inovação e vejo a dificuldade e a resistência em entender o novo. Em especial quando não existe nada com o que você possa comparar o que você faz, simplesmente porque é diferente do resto. Vejo a resistência em entender o porque destas diferenças, em ter que fazer um esforço intelectivo. E aí vem alguém e te põe no patamar de uma simples novidade. Simplesmente porque não entendeu nada. E nem quer.
E a inovação fica reduzida a uma coisa banal, a uma coisa qualquer, por preguiça mental, por falta de referências para dimensioná-la, por incapacidade intelectual para percebê-la.
O que é uma pena.

Utilidade Pública: Deficientes físicos, processo seletivo!

Gente, quero ajudar a divulgar e peço a todos os que me lêem que também o façam:


O SEBRAE-SP está num esforço de divulgação do Processo Seletivo Público para contratação de Deficientes Físicos.

Nosso objetivo é que a maior quantidade possível de pessoas possa participar da seleção, por isso solicitamos sua ajuda no sentido de divulgar essa oportunidade para a maior quantidade possível de pessoas.

Quantidade de Vagas: 03
Área de atuação: Central de Atendimento
Escolaridade mínima: Ensino Médio completo
Conhecimento em informática: nível usuário
Jornada de trabalho: 6 horas diárias, de 2ª a 6ª.
Salário: R$ 923,00
Benefícios: vale-transporte, seguro-saúde, vale-refeição de R$ 14,00/dia, seguro de vida, auxílio funeral e previdência privada.

Seguem abaixo os únicos tipos de deficiências que serão aceitos:

Ø Paralisia
Ø Paraplegia
Ø Paraparesia
Ø Monoplegia
Ø Monoparesia
Ø Amputação ou ausência de membro inferior
Ø Nanismo
Ø Membro inferior com deformidade congênita ou adquirida.

Os interessados deverão acessar nosso portal http://www.sebraesp.com.br/ - link TRABALHE CONOSCO.

As inscrições só poderão ser feitas através do portal, de 28/05 a 08/06. Lá já está publicado o Edital com os detalhes do processo seletivo.

Desde já agradecemos a ajuda e nos colocamos à disposição para qualquer esclarecimento.

Cordialmente,

Solange de Castro
SEBRAE-SP
Gestão de Pessoas
Recrutamento e Seleção
(11) 3177-4951

Força, moçada! Talvez seja uma oportunidade, basta que a informação chegue até as pessoas.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

o gostinho de manteiga da sua pipoca...

Hoje vamos falar de pipoca. Pipoca tem cara de inverno, de festa junina... Pipoca é legal, gostosa, tem cara de infância (mas nunca deve ser dada a crianças pequenas por causa do risco de sufocamento). Pipoca é a alegria com fibra.
Mas tem graça falar de pipoca sem aquele cheirinho de manteiga derretida? Bem, não sou só eu e a torcida inteira do Flamengo que achamos que a manteiga e a pipoca são um casamento perfeito. É igual macarrão com queijo e namoro com beijo. Parece que a coisa é tão significativa que as empresas fabricantes de pipocas para microondas disponibilizam o produto com sabor de manteiga. Mas porque a pipoca de microondas? Porque eu já percebi que a molecada não sabe mais fazer pipoca na panela. Se não for aquela de saquinho, "tá ferrado"! É uma constatação que beira a tristeza pois as pipocas de microondas são cheias de gorduras trans. E no fim das contas o velho colesterol da manteiga fica parecendo uma gracinha em comparação.
Porém o motivo deste post não é sobre as gorduras trans. Muita gente já debulhou todo o milho deste assunto. A questão que trago hoje é a dos flavors.
Flavor é aquela coisinha que a gente põe em um alimento para dar gosto. Flavors são chamados aromatizantes. Isto acontece porque o gosto é em quase sua totalidade cheiro.
E o que acontece quando o flavor causa bronquiolite obliterante irreversível? Pois é isto que acontece com os trabalhadores da indústria das pipocas de microondas, em especial naqueles expostos a diacetil, o "cheirinho de manteiga" da sua pipoquinha. Mas não só gostinho e cheirinho de manteiga como também o de cereja, de praline, amêndoa, laranja e até jalapeno.
Por enquanto, o risco não diz respeito aos consumidores, segundo o FDA e um artigo publicado pelo CDC ¹.
Tomara. Mesmo assim já merece reflexão.

1) Fixed obstructive lung disease among workers in the flavor-manufacturing industry--California, 2004-2007. MMWR Morb Mortal Wkly Rep. 2007 Apr 27;56(16):389-93.

terça-feira, 27 de maio de 2008

um dia assim...

Hoje acordei num dia daqueles que você pensa deveria ter sido saltado no calendário. Já logo cedo fui colher sangue e eu sou o horror dos laboratórios de modo geral. "Ruim de veia" é pouco para mim. Isto acrescido ao fato de ser médica, anestesista, intensivista, cria um clima de intimidação nas pessoas e lá pela 5º punção frustrada as técnicas do laboratório já querem desaparecer da sua frente.
Mas não é este o motivo desta "bola na goela". Muitas coisas têm acontecido ultimamente, muitas angústias. Sem falar da hemicrania e da sinusite já eternizada em uma dor de cabeça que não passa.
Então a gente fica pensando e remoendo problemas e se esquece das coisas reais, das coisas verdadeiras, daquilo que vai fazer ter valido a pena ter existido sobre este planeta.
Coisas como o cheirinho da sua pele quando me aperta em seu abraço e me diz: "te amo mamãe, fique feliz!" E tudo parece que por um segundo fica perfeito.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Agressão ao Homem (Parte 1 de 5)

Este documentário, originalmente no programa Horizon da BBC de 1993 com reprise em 1996 toca em um tema que merecia maior atenção e respeito por parte da opinião pública. As evidências da contaminação química nos seres humanos vêm aumentando exponencialmente. E infelizmente ainda mantemos o mesmo estilo de vida de 15 anos atrás.
Seria um programa obrigatório para os adolescentes, pois afinal eles já tem condições de entender o conteúdo. Quem tem filhos e netos, também deveria vê-lo e discutí-lo, ou pelo menos refletir sobre ele.
Este é o futuro que os aguarda...

Agressão ao Homem (Parte 2 de 5)

Agressão ao Homem (Parte 3 de 5)

Agressão ao Homem (Parte 4 de 5)

Agressão ao Homem (Parte 5 de 5)

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Report - gli aromi: intrusi nei nostri piatti (estratto)

Em italiano, uma reportagem sobre o uso indiscriminado de aromas e doadores de sabor nos alimentos.

Billie Holiday - God Bless The Child.

E Deus abençoe as crianças... apesar de tudo.

Mais um artigo da Dr.a Darbre

A Dra. Philippa Darbre, médica e pesquisadora da Universidade de Reading, Inglaterra, nos traz mais um de seus artigos sobre a relação entre parabenos e tumores de mama. A doutora foi muito criticada quando publicou anos atrás um artigo correlacionando pela primeira vez a exposição a estes agentes pelo uso de cosméticos e a possibilidade de desenvolvimento de TUs de mama em pacientes predisponentes. Porém, ao longo dos anos, as evidências em favor desta relação vêm aumentando progressivamente. E não só desta como de outras tantas moléculas suspeitas de ação xenoestrógena não indiferente.
O artigo é uma revisão desde 2004 e insiste na necessidade de uma regulamentação no uso destes conservantes e de outros agentes com atividades endócrinas e está disponível on line no site da Wiley Interscience (http://www3.interscience.wiley.com/journal/119163677/abstract?CRETRY=1&SRETRY=0).

Segue o abstract e a referência:

Darbre PD, Harvey PW.
Paraben esters: review of recent studies of endocrine toxicity, absorption, esterase and human exposure, and discussion of potential human health risks.
J Appl Toxicol. 2008 May 16. [Epub ahead of print].

This toxicology update reviews research over the past four years since publication in 2004 of the first measurement of intact esters of p-hydroxybenzoic acid (parabens) in human breast cancer tissues, and the suggestion that their presence in the human body might originate from topical application of bodycare cosmetics. The presence of intact paraben esters in human body tissues has now been confirmed by independent measurements in human urine, and the ability of parabens to penetrate human skin intact without breakdown by esterases and to be absorbed systemically has been demonstrated through studies not only in vitro but also in vivo using healthy human subjects. Using a wide variety of assay systems in vitro and in vivo, the oestrogen agonist properties of parabens together with their common metabolite (p-hydroxybenzoic acid) have been extensively documented, and, in addition, the parabens have now also been shown to possess androgen antagonist activity, to act as inhibitors of sulfotransferase enzymes and to possess genotoxic activity. With the continued use of parabens in the majority of bodycare cosmetics, there is a need to carry out detailed evaluation of the potential for parabens, together with other oestrogenic and genotoxic co-formulants of bodycare cosmetics, to increase female breast cancer incidence, to interfere with male reproductive functions and to influence development of malignant melanoma which has also recently been shown to be influenced by oestrogenic stimulation. Copyright © 2008 John Wiley & Sons, Ltd.
Received: 24 January 2008; Revised: 17 April 2008; Accepted: 17 April 2008


email: Philippa D. Darbre (p.d.darbre@reading.ac.uk)

terça-feira, 20 de maio de 2008

Um link sobre interferentes hormonais

Este link é da Universidade de Ottawa no Canadá. É um site que pretende fazer a interface entre a ciência e o cidadão comum. Realmente é bem válido e então vou acrescentá-lo na barra de links.
O site é: http://www.emcom.ca/health/index.shtml
e está disponível em inglês e francês.
Boa leitura.

SUMMERTIME

Pra esquentar como um verão...

janis joplin, kozmic blues

Este é só porque eu gosto de Janis Joplin...

domingo, 18 de maio de 2008

Bem-vinda Rafaela!

Nasceu ontem a Rafaela.
Ela é o bebê que vocês viram em nossa mensagem de Páscoa.
Naquela época ela era um pequenino feto crescendo na barriga da mamãe.
Queremos desejar a ela uma vida feliz e de sorte. Que ela possa trazer alegrias na sua casa, para seus pais, Cris e Neco e para sua irmã Manuela.
Muita luz na sua vida, Rafaela e muitos beijos!

Dermocosméticos: fármacos, cosméticos ou redundância?

Abaixo deixo o texto da Dr.a Sonia Corazza sobre dermocosméticos.
Este termo inexiste na ANVISA, a agência regulatória nacional.
Se é um cosmético por definição não pode ser um fármaco e vice-versa.
Normalmente é utilizado pelos marketeiros para definir produtos de grau 2, como os destinados a populações especiais. Estes produtos são submetidos a uma especial bateria de testes antes de ter seus registros emitidos pela agência. Algumas empresas executam alguns outros testes complementares aos obrigatórios, mas não é a praxe.
Segue o texto:

Saiba o que é dermocosmetologia
por Sonia Corazza

Mas o que significa este termo, cada vez mais presente no linguajar dos técnicos e profissionais de marketing das empresas ligadas a beleza?
Sob esta bandeira proliferam no mercado produtos com o intuito de cuidar da saúde da pele. É preciso separar muito bem o que é um mero modismo, do que me parece uma redundância.
Segundo o professor emérito do Departamento de Dermatologia da faculdade de medicina da Universidade de São Paulo, dr. Sebastião Sampaio “A aplicação de drogas na superfície cutânea, além do tratamento de dermatoses, objetiva proteção e conservação da pele normal”. Considero também fundamental relembrar que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária define cosmético como o produto de uso externo, destinado à proteção ou ao embelezamento das diferentes partes do corpo.
Dessa forma o termo “dermocosmético” se aplica a todo e qualquer produto cosmético que protege a pele e seus anexos.
Tenho observado que as empresas freqüentemente usam o termo dermocosmético para falar de seus produtos de grau de risco II, onde princípios ativos bem definidos e em concentrações efetivas, cumprem determinadas funções, como limpar, proteger, estimular e refrescar, entre tantas outras. Ativos cada vez mais ativos.
A obtenção de princípios ativos potentes, como os Alfa-hidróxi-ácidos, de fato movimentou o mercado cosmético há alguns anos, apontando para um caminho de resultados efetivos, no sentido de melhorar a textura e aparência da pele. A partir de então, as empresas fabricantes de matérias-primas trouxeram, sempre sob o comando da comprovação científica, novíssimas substâncias com o poder de atenuar o aspecto da pele em processo de envelhecimento.
Mas a grande preocupação é realmente a de proteger todas as estruturas dos efeitos deletérios, internos ou externos.
A atenção com a proteção solar se consagrou, trazendo uma nova cultura de formular produtos para cuidado facial. Há uma década, eram poucas as empresas que tinham em seu leque de opções fórmulas com hidratantes faciais contendo filtro solar UVA e UVB. Hoje, a média de mercado mostra que uma proteção ao redor de FPS-15 é a predominante. A biotecnologia conseguiu sintetizar ou separar frações específicas de ativos, que podem promover efeitos que melhoram a luminosidade e tonalidade da pele, preenchem sulcos e melhoram o relevo cutâneo, estimulam o processo de regeneração celular, protegem as terminações nervosas, entre tantos outros benefícios.Universo de possibilidades,...
Empresas líderes mundiais da área cosmética têm investido milhares de dólares, muito tempo e inteligência em busca de soluções para melhor compreender a biologia cutânea, os efeitos deletérios da oxidação e as formas de supressão dos mecanismos de defesa. Com tal base de dados, inovações cosméticas surgem a cada dia, tornando nossa aparência mais preservada e nossa pele mais sadia.
Se isso é dermocosmetologia, então estamos conversados, que assim seja!

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Violentos animais sociais

Até hoje evitei de falar sobre o caso da menina Isabella. Eu tenho uma filha, quase da mesma idade e como tantos me senti horrorizada com o acontecido.
Mas queria dizer aqui que em nosso país acontecem diariamente tantas outras "Isabellas" que não são nem mesmo cogitadas pela imprensa e isto vale uma séria reflexão sobre o que fazemos dentro de nossas casas, sobre como nos comportamos com nossos filhos. Muitos casos de infanticídio ( uma criança a cada 10 horas morre no Brasil) e certamente a maioria dos casos de violência envolvendo menores ocorre em âmbito familiar.
Quando o indivíduo se esconde dentro do núcleo familiar, relações complexas se estabelecem. Relações de poder que vão pesar especialmente sobre os indivíduos mais frágeis desta relação: crianças, anciãos (que neste país são quase esquecidos) e mulheres. É difícil e trabalhoso romper silêncios e temores, romper estados afetivos patológicos estabelecidos.
Talvez valha que nós, gente comum, pensássemos sobre nossas atitudes e exemplos, sobre os modelos comportamentais que ensinamos a quem nos está próximo, sobre as mensagens que passamos como válidas. Porque o que se aprende é o que se fará depois. Cabe uma reflexão sobre a família, sobre nós mesmos, sobre a sociedade que estamos inseridos.
A violência parte de nós e recai sobre nós.
A impunidade a alimenta.
Somos animais "sociais", animais sempre, sociais quando convém.
É isto o que queremos para nossos filhos?

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Benefícios do aleitamento materno

Os benefícios do aleitamento materno superam muitas vezes o que se é esperado se se olha do ponto de vista meramente nutricional. Cada vez mais se reconhece a importância do leite humano para os bebês por suas propriedades imunitárias. Apesar da contaminação química também presente, é ainda a mais importante e a melhor fonte de nutrientes e de defesa para o bebê.Recentemente tem-se observado que os benefícios não se restringem somente ao bebê, mas se extendem à mãe. Uma maior proteção contra tumores de mama já foi bem estabelecida naquelas que aleitam por mais de 6 meses, mas poucas pessoas sabem de mais um benefício do aleitamento: a proteção contra artrite. Revisando a literatura encontrei um grupo da Universidade de Harvard que afirma que 12 meses de aleitamento diminuem o risco de artrite reumatoide (Karlson EW, Mandl LA, Hankinson SE, Grodstein F. Do breast-feeding and other reproductive factors influence future risk of rheumatoid arthritis? Results from the Nurses’ Health Study.Arthritis Rheum. 2004 Nov;50(11):3458-67.). Existe também mais um artigo recente da Universidade de Oslo que reafirma o já dito além da proteção contra cancer de ovário e diabetes do tipo II (Løland BF, Baerug AB, Nylander G. [Human milk, immune responses and health effects]Tidsskr Nor Laegeforen. 2007 Sep 20;127(18):2395-8.), isto sem deixar de mencionar o arrtigo de revisão de Rea no Jornal de Pediatria do Rio de Janeiro em 2004.

O artigo abaixo é do Jornal da Tarde e foi publicado no site de Saúde da uol:

Aleitamento reduz risco de artrite na mãe, indica estudoSão Paulo - Um estudo de especialistas da Universidade de Malmo, na Suécia, sugere que mulheres que amamentam por mais de um ano têm reduzidas pela metade as chances de desenvolver artrite reumatóide. Na pesquisa, os cientistas compararam 136 mulheres com artrite com 544 sem o problema.
Eles perceberam que as que haviam amamentado por 13 meses ou mais tinham metade das chances de desenvolver a doença em relação às que nunca haviam praticado o aleitamento materno. As mulheres que haviam amamentado durante um ano tiveram 25% menos riscos de desenvolver artrite, acrescentaram os especialistas. A artrite é doença auto-imune que ocorre quando o corpo ataca as articulações, confundindo-as com corpos estranhos. O problema afeta mais mulheres do que homens.
Segundo os cientistas, a amamentação libera grande quantidade do hormônio oxitocina, que pode reduzir os níveis de estresse, controlar a pressão sanguínea e proporcionar sensações de bem-estar. Os pesquisadores afirmam que estudos anteriores mostraram que as mulheres têm mais chances de desenvolver artrite logo após dar à luz e, diante dos últimos resultados, acreditam que os riscos são reduzidos com a prática da amamentação e o passar do tempo.
Os cientistas não souberam, no entanto, apontar as razões para essas conclusões. “Uma explicação poderia ser de que as mulheres que amamentam levam vidas mais saudáveis. Mas ainda não sabemos com certeza os mecanismos que explicam os benefícios da amamentação a longo prazo contra a artrite”, disseram os especialistas. As informações são do Jornal da Tarde

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Tem horas que a gente precisa mostrar as garras...

mesmo que doa.

A moda quem faz é você...

O comercial é da Ikea, mas a idéia é boa.

Um comercial...

Olhem que lindo! É um comercial que nos faz apreciar a arte da propaganda.

domingo, 11 de maio de 2008

Festejando a vida: feliz dia das Mães!

Hoje é dia das mães.
Dia de festejar a vida e a continuidade dela. Porque é para isso que somos mães.Para sonhar, juntar forças, conceber, criar, formar, esperar, crescer, manter e depois de tudo ainda dividir a vida. Um filho pode ser uma pessoa, e isto é uma coisa muito especial (ou pelo menos foi para mim), mas pode ser uma idéia, um projeto, uma obra, até uma empresa como esta. E isto abre possibilidades para que todos sejam mães de algo ou de alguém. E percebam que neste processo criador se podem cometer erros e se deve aprender com eles, que cada coisa possui uma vida própria, um tempo próprio, uma “consciência” que tem que ser respeitada. Ser mãe não é ser perfeita, é ser o melhor possível. É amar incondicionalmente, mas sem abrir mão da realidade. É ter que dizer muitos “não”, mesmo quando o mais fácil é dizer “sim”. É estimular talentos e ensinar limites. É descobrir a interdependência do existir e a importância do “outro”.
Eu sou mãe e este fato mudou minha vida para sempre.
Então, neste dia das mães, eu desejo “um filho” para cada pessoa que estiver lendo estas palavras. Desejo uma razão para continuar vivendo e fazer de cada dia um compromisso com o futuro. Porque “filhos” são o futuro, o nosso melhor futuro. Tudo aquilo que vai além de nós mesmos e que nos faz melhores.
Feliz dia para todas as “mães”, sejam vocês quem forem.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Mina - le mille bolle blu (1961) Sanremo

Eu não era nem nascida, e as bolhas azuis já voavam no ar... Le Mille Bolle Blu, versão original do Festival de San Remo de 1961. Uma perolinha da música italiana que inspirou o nosso projeto...blblblblu le millebolleblu... che volano...

terça-feira, 6 de maio de 2008

Aplausos para vocês! Valeu, Emerson!

Recebi uma visita de um querido amigo, o Dr. Emerson Rodrigues, dermatologista e colega intensivista que teve o carinho de me presentear com dois CDs da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto do qual é patrono.
Quero deixar aqui meu aplauso a todo o pessoal da orquestra pelo trabalho dedicado e cuidadoso.
Quero também dizer para quem puder que vá assistir e leve seus filhos. Ouvir uma Sinfônica pela primeira vez é uma experiência grandiosa, mesmo para quem só ouve hip-hop, funk e pop. O som é potente, massivo, impressiona. Basta não ter preconceito e deixar a mente e os ouvidos abertos. A minha adora, basta que a música seja boa e ouve um repertório bastante florido de todos os gêneros. No universo da música dita "clássica" ou "erudita", mas que eu particularmente prefiro chamar música para orquestra (como dizia meu outro amigo e diretor de orquestra, Antonio Gastão), existe uma grande quantidade de peças populares, divertidas mesmo, e que muitas crianças vão reconhecer e apreciar.
Obrigada de novo pelos CDs, pelo papo, pelo tempo e pela amizade. Valeu, Emerson! Tomara você não leve tanto tempo para aparecer por aqui de novo.